Bom dia, a Bolsa de Chicago opera em baixa nos principais ativos. 

A soja confirma a bandeira de baixa, podendo buscar os US$9,55, tecnicamente. No lado fundamental, ontem a Bolsa de Cereales elevou a estimativa de produção de soja da Argentina de 54,8 milhões para 56,5 milhões de toneladas, ante estimativa do USDA de 55,5 milhões de toneladas. A colheita de soja iniciou nas regiões núcleo norte e centro-norte de Córdoba, com rendimentos muito bons, elevando as expectativas de produção para esta região.

Segundo a Bolsa de Cereales, 45,6% da soja se encontram nos estádios R7 e R8, fases de maturação, e outros 41,5% estão na fase de enchimento de grãos. A colheita de milho atingiu 8,1% de uma área estimada em 4,9 milhões de hectares. A estimativa de produção se mantém em 37 milhões de toneladas, contra 30 milhões da temporada passada e 37,5 milhões da estimativa do USDA.

A Embrapa lançou uma nova cultivar de soja indicada para as regiões frias do Sul do Brasil, a BRS 6203RR. A cultivar tem o objetivo de aliar produtividade e amplitude na janela de semeadura, com época recomendada de semeadura de 21 outubro até 30 de novembro. Outro diferencial da BRS 6203RR é o bom desempenho em área úmidas, permitindo o cultivo de soja em rotação com o arroz irrigado na Metade Sul.

Fundos vendedores ontem estimados em: 6.500 contratos de soja; 5.500 contratos de milho; 3.000 contratos de farelo de soja; 2.500 contratos de óleo de soja; 2.000 contratos de trigo.

A JBS suspendeu a produção de carne bovina em 33 de suas 36 unidades por 3 dias, e para a próxima semana, a companhia irá reduzir a capacidade produtiva em 35%.

O dólar opera em baixa frente a outras moedas. A votação do projeto de saúde proposto por Trump, com objetivo de substituir o Obamacare, deve ser votada hoje na Câmara dos Representantes dos EUA.

No Brasil, a moeda abriu estável e agora vale R$3,1256, -0,33% (10h45). O Banco Central segue com a rolagem de 10.000 contratos de swap cambial tradicional, assim como nos dias anteriores. Ontem a moeda fechou com alta de 1,36%, a R$3,1378.

As Bolsas Asiáticas fecharam em alta hoje. As bolsas europeias operam em baixa enquanto os índices futuros dos EUA e Brasil operam em alta.

Os futuros do petróleo operam com leve alta após fecharem o dia de ontem nas menores cotações desde novembro do ano passado.

O índice de gerentes de compras (PMI) composto da zona do euro, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, subiu a 56,7 em março, de 56 em fevereiro, atingindo o maior nível desde abril de 2011, segundo dados da IHS Markit. O resultado veio bem melhor do que o esperado pelos analistas.

As encomendas de bens duráveis à indústria dos EUA subiram 1,7% em fevereiro em comparação com janeiro, segundo dados do Departamento do Comércio. O avanço veio maior do que o esperado. Já o núcleo de encomendas, que exclui a volátil categoria de transportes, mostrou avanço de 0,4%, ante alta de 0,1% em janeiro. Se excluído bens de defesa, houve avanço de 1,3%.


CLIMA

 

No Brasil, poucas chuvas nos próximos dias.

Previsão de Precipitação Brasil, 7 dias, em milímetros.

As chuvas ficam abaixo da média em todo o Brasil.

Previsão de Desvio de Precipitação Brasil, 7 dias, em milímetros.

Na Argentina, chuvas para os próximos dias.

Previsão de Precipitação Argentina, 7 dias, em milímetros.

As chuvas ficam acima da média.

Previsão de Desvio de Precipitação Argentina, 7 dias, em milímetros.

Precipitação Acumulada Argentina, 24 horas, em milímetros.

Nos EUA, chuvas de grande volume durante o fim de semana.

Previsão de precipitação EUA, 72 horas, em polegadas.

As temperaturas ficam acima da média.

Em boa parte do sul dos EUA os solos estão com deficit hídrico, enquanto no ano passado quase não haviam áreas secas.


PRÊMIOS

 

Paranaguá

Golfo do México – EUA


MATÉRIA DO DIA

 

Em 30 anos, cerrado brasileiro pode ter maior extinção de plantas da história, diz estudo
Camilla Costa
Da BBC Brasil em São Paulo

Apenas um quinto do bioma original do cerrado continua totalmente preservado
Se o índice de desmatamento do cerrado brasileiro se mantiver como é hoje – cerca de 2,5 maior do que na Amazônia -, o mundo pode registrar a maior perda de espécies vegetais da história.
A tese é de um artigo de pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e de outras instituições nacionais e internacionais, divulgado nesta quinta-feira na revista científica Nature.
O cerrado perdeu 46% de sua vegetação nativa, e só cerca de 20% permanece completamente intocado, segundo os pesquisadores. Até 2050, no entanto, pode perder até 34% do que ainda resta.
Isso levaria à extinção 1.140 espécies endêmicas – um número oito vezes maior que o número oficial de plantas extintas em todo o mundo desde o ano de 1500, quando começaram os registros.
“Há 139 espécies de plantas registradas como extintas no mundo todo. Mas claro, sabemos que espécies foram extintas antes mesmo de a gente conhecê-las”, disse à BBC Brasil Bernardo Strassburg, coordenador do estudo e secretário-executivo do IIS.
“Mesmo assim, a perda no cerrado seria uma crise sem proporções.”
O desmatamento na região, de acordo com os pesquisadores, cresceu em níveis alarmantes “por causa da combinação de agronegócio, obras de infraestrutura, pouca proteção legal e iniciativas de conservação limitadas”.
Mesmo assim, Strassburg e sua equipe afirmam que o cenário apocalíptico projetado para 2050 pode ser evitado.
‘Hotspot de biodiversidade’
O cerrado brasileiro, segundo o artigo, tem mais de 4,6 mil espécies de plantas e animais que não são encontrados em nenhum outro lugar.
“Essa projeção assustadora que encontramos é uma combinação de dois fatores: o cerrado é um hotspot global de biodiversidade principalmente por causa das plantas, e ele já perdeu metade da sua área”, afirma Strassburg.
“A área de desmatamento do cerrado não é maior que a da Amazônia, mas a taxa de desmatamento é.”


Pesquisa mostra que, até 2050, 34% do que resta do cerrado pode desaparecer
Para conseguir estimar o número de espécies perdidas pelo desmatamento nos próximos 30 anos com o mesmo ritmo atual, os pesquisadores combinaram os dados mais recentes da Lista Vermelha de Espécies em Extinção (referentes a 2014) com projeções das mudanças no uso do bioma.
Das 1.140 que podem ser perdidas, 657 já são consideradas condenadas à extinção.
“Isso quer dizer que não tem mais cerrado suficiente para tanta espécie. Se o desmatamento parasse hoje e não fizéssemos mais nada para recuperar a região, elas seriam extintas de qualquer jeito”, explica.
Seca
Se o aumento recente do desmatamento da Amazônia, segundo os cientistas, influenciou o regime de chuvas no Brasil, contribuindo para a seca dos últimos anos, a perda do cerrado também faz sua parte – mas no solo, e não na atmosfera.
“Tem gente que se refere ao cerrado como uma floresta de cabeça para baixo, porque dizem que as raízes lá são tão mais profundas que na Amazônia e na Mata Atlântica. Isso torna muito grande a capacidade do solo de absorver água, que será armazenada nos lençóis freáticos”, diz Strassburg.
Hoje, 43% da água de superfície no Brasil fora da Amazônia está no bioma – o que inclui três dos principais aquíferos do país, que abastecem reservas no Centro-Oeste, no Nordeste e no Sudeste.
Há mais de 4,6 mil espécies de plantas e animais que só existem no cerrado
“Mas se você troca aquela vegetação por uma plantação de soja, essa capacidade de reter água e alimentar os lençóis freáticos se perde. E vale lembrar que no Brasil crise hídrica é também é crise energética.”
O pesquisador alerta ainda para o fato de que o desmatamento projetado para as próximas três décadas emitiria cerca de 8,5 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.
“Isso é 2,5 vezes mais do que a redução da emissão de gases estufa que o Brasil conseguiu com a queda no desmatamento da Amazônia entre 2003 e 2012”, explica.
Como impedir?
O artigo afirma que, restaurando áreas do cerrado que foram menos degradadas e são importantes para a biodiversidade, seria possível reverter até 83% do quadro de extinções previstas.
“Áreas que não foram muito degradadas ou não foram desmatadas há muito tempo conseguem se regenerar, até por causa das raízes profundas e porque têm um banco de sementes. As outras precisam de um esforço maior”, afirma Strassburg.
A equipe do IIS, segundo ele, trabalha junto ao Ministério do Meio Ambiente para fazer um mapeamento das áreas que devem ser prioridade em um projeto de recuperação.
‘Taxa de desmatamento do cerrado é maior do que a da Amazônia’, diz pesquisador
Mesmo assim, elas corresponderiam a apenas 3% do total do bioma. Seria o suficiente?
“A outra metade da equação é parar o desmatamento causado pela agropecuária”, diz. “As culturas de cana-de-açúcar e de soja vão crescer 15 milhões de hectares nos próximos 30 anos”, diz.
Os pesquisadores afirmam, no entanto, que é possível usar áreas já desmatadas e pouco aproveitadas do cerrado para redistribuir este crescimento – evitando, assim, que a expansão da produção agrícola avance para territórios preservados.
Mais de 75% do cerrado já desmatado, segundo Strassburg, é utilizado em pastagem de baixa produtividade. Isso quer dizer que os produtores têm um boi por hectare, quando poderiam ter três.
Plantas respondem pela maior parte da biodiversidade do cerrado
“Se você colocasse só dois por hectare já liberaria terra suficiente para toda a expansão de soja e de cana, sem precisar fazer mais desmatamento”, afirma.
O artigo diz que as políticas públicas necessárias para integrar agricultura e pecuária na região e evitar a perda do bioma já existem, e precisam apenas de integração.
Mas, para Strassburg, isso também dependerá dos produtores.
“O agronegócio brasileiro está numa encruzilhada no que diz respeito ao cerrado: pode se colocar como responsável pela maior crise de extinção de plantas registrada no mundo ou pode ser líder de em uma produtividade mais sustentável.”
“Ele vai ser o grande vilão da história e perder acesso aos mercados globais ou dar lição de sustentabilidade e mostrar que é possível crescer contribuindo para a conservação das espécies?”, indaga.


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